terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Casos III - Caso Lexical

Na primeira postagem desta série sobre casos nós falamos sobre Caso Estrutural, quando o caso é determinado pela função gramatical: o sujeito fica no nominativo e o objeto no acusativo.

Na segunda postagem falamos sobre Caso Semântico, quando um papel temático, como o de destinatário/beneficiário, determina o uso do dativo.

Há ainda uma terceira categoria, a do Caso Lexical, quando o caso é atribuído pelo léxico, pelas palavras, verbos, preposições, adjetivos ou substantivos, sem uma explicação ou motivo aparente. É quando a gente tem mesmo é que decorar a regência de cada palavra individualmente. Por exemplo, os verbos folgen (seguir) e verfolgen (perseguir) pedem respectivamente o dativo e o acusativo, embora ambos tenham os mesmos argumentos e papéis temáticos: sujeito - agente, objeto - tema.

E porque é importante saber disso? Muito simples, economia. Partimos do princípio que todos os objetos ficam no acusativo (caso estrutural). Quando encontrarmos algum verbo que rege o dativo, analisamos para ver se não expressa o papel do beneficiário ou destinatário (caso semântico). Se ainda assim não tivermos achado uma 'lógica' na regência é por que estamos lidando com caso lexical e daí temos que decorar mesmo.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Casos II - Acusativo e Dativo

Na última postagem nós falamos que muitos verbos exigem que o objeto fique no acusativo, mas há também verbos que exigem o dativo. Há inclusive pouquíssimos verbos que exigem o genitivo! - E como que eu vou saber qual caso usar? Como dissemos, a maioria dos verbos pede o acusativo, então, na dúvida é melhor usar o acusativo. Mas quando o objeto do verbo é aquilo ou alguém que recebe ou se beneficia com algo, esse objeto fica no dativo. O dativo do alemão está ligado ao que chamamos na linguística de papael temático de beneficiário. Vejamos um exemplo:

Ich gebe meiner Mutter einen Roman. Eu dou um romance para minha mãe.


"Ich" é o sujeito, que fica sempre no nominativo e concorda com a desinência verbal, neste caso -e. O verbo GEBEN precisa de dois objetos diretos (sem preposição!): aquilo que é dado (tema) e o beneficiário. O tema, aquilo que é dado, fica no acusativo (einen Roman), e quem o recebe, no dativo (meiner Mutter).

Há gente que diz que o acusativo corresponde ao nosso objeto direto e o dativo ao nosso objeto indireto. Isso não é 100% verdade. Objeto direto é um objeto que não vem precedido por uma preposição. No exemplo acima tanto "einen Roman" quanto "meiner Mutter" não estão precedidos por preposição e portanto são exemplos de objeto direto, no acusativo e dativo, respectivamente. O que acontece é que muitas vezes usamos em português as preposições "a" ou "para" quando queremos indicar o "beneficiário" de uma ação, como no exemplo: eu dou um romance para minha mãe. O dativo não corresponde necessariamente ao nosso objeto indireto com "para". Somos levados a pensar assim por que no português usamos "para" para indicar o beneficiário e em alemão o dativo.

Há exemplos onde isso não acontece:

Ich rufe meinen Vater an. Eu ligo para meu pai.

Embora usemos a preposição "para" em português, o verbo separável AN|RUFEN rege o acusativo, como a maioria dos verbos do alemão!

Outros verbos com beneficiário são:
KAUFEN (comprar), SCHENKEN (presentear), SCHREIBEN (escrever), SCHICKEN (enviar), SENDEN (enviar), HELFEN (ajudar).